domingo, 13 de novembro de 2011

O Filho do Estupro e a decisão da Mãe.

O presente despedir-se-á de nós. Inevitavelmente curta é sua duração. Assim que nasce logo morre.
A sua despedida é motivo de dor e sofrimento porque significa descontinuidade, separação.
O Presente separar-se-á de nós. Desaparecerá, jamais voltará. Existirá apenas como representação. Nas coisas eternizar-se-á. E na consciência como lembrança subsistirá.
O Presente aniquilar-se-á. Antes, porém, deixar-nos-á tragicamente debilitado. Doentes. Gestantes em dores de parto. Grávidos do estupro das consequências da alienação do desempenhismo, do eficientismo, do esquisofrenismo, do estado de mínimo, do vegetismo, do anemismo, do cancerismo. Grávidos estupradamente da morte iminente das ideologias dominantes do poder elitizante.
Nesse caso, o Aborto seria a saída imediata da licenciosidade diante da imposição de tal facticidade. No entanto, para desprazer nosso, o aborto não será possível. O parto é irremediável, pois a gestação está consumada. O nascimento do filho dar-se-á logo após a morte do pai.
Agora órfão de pai e livre do aborto, só resta ao filho à decisão da mãe, a nossa decisão.
A decisão da mãe, a nossa decisão, marcará definitivamente o destino do filho. Se rejeitado, o filho estará entregue ao poder da morte porque a sua fragilidade não lhe permitirá a vida, de vez que é carente de tudo aquilo que vem do útero que o gera, a história. Se acolhido, o filho do estupro poderá ser transformado, deixado de ser o que era, consequências, para ser o que não era, causa.
Causa de transcendência. Portanto, causa de celebrações, felicidade E assim sermos ideologias do passado que no tempo foram presentes ou das ideologias do presente que no tempo serão passados, mas grávidos das utopias do ainda-não. Do novo filho, do Filho regenerado. Do Filho que se tornará Pai. O Futuro.
Carlos Cesar

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