domingo, 13 de novembro de 2011

COVARDES!

Mataram-me!
Não Me enterraram.
Fede o meu corpo! 
A putrefação do meu corpo afasta de mim os amigos.
Os vermes são amigos.
São solidários.
Comem a minha carne.
Meu Corpo putrefato clama por dignidade.
Exigi um Túmulo,
Um velório,
Um cortejo,
Um enterro.
Covardes!
Negaram-me a vida.
Até a morte com dignidade me negaram,
Negam-me a sepultura!
Até os malfeitores são dignos de sepultura.
Meu corpo putrefato comido pelos vermes anuncia a vida sonhada não vivida, interrompida pela covardia.
A putrefação do meu corpo clama por justiça.
Quem me fará justiça?
Se a justiça é cega, muda, surda, demente, é corrupta!
A putrefação do meu corpo denuncia meus assassinos!!!
Meus semelhantes na dor 
No Corpo, não no espírito.
Não enxergam 
Não ouvem, 
São mudos,
Masoquistas,
São convenientes!
São desencarnados,
São covardes!
Na verdade, são estomago.
Comem, da mão dos assassinos da liberdade e dignidade humanas, a comida da inércia,
Dançam no palco da vida, como bobos da corte.
Cantam a música que entorpece a alma, música que imundice e mata o espírito.
Os meus semelhantes na dor são corpos sem alma; são espíritos sem corpos,
Massa,
São comida,
Sangue para os vampiros da vida!
Quem me fará justiça?
Os céus?
Oh minha alma! 
Os céus me farão justiça.
E se eu não for favorito, ungido, escolhido, predestinado?
Quem me fará Justiça? 
Meu corpo clama por justiça! 
Meu sangue clama.
O medo é a lei,
O silêncio é a lei,
A impunidade é lei,
A corrupção é a lei,
A covardia é a lei,
A morte é a justiça!!!
Os vermes comem a minha carne,
São solidários.
A putrefação do meu corpo afasta de mim os amigos.
Covardes! Negaram-me a vida!
Negaram-me a morte com dignidade,
Não tenho sepultura,
Até a sepultura me negam...
O anonimato é a lei,
A amnésia é a justiça nos meus semelhantes de dor.
O meu corpo putrefato clama por dignidade, clama por justiça!
Covardes!!!










    CARLOS CESAR
(ESCRITOR, FILOSOFO, CAMINHANTE, E BUSCADOR)

Nenhum comentário:

Postar um comentário